Ser psicoterapeuta: aceitar o que me chegou
Me descobrir (e aceitar) psicoterapeuta não foi um processo fácil. Mas sabe a sensação de um momento específico, onde algo se alinha, dentro e fora de você, que parece que a “ficha” cai? Eu tive esse momento em 2020, enquanto eu trabalhava com um projeto social e estava numa reunião importante discutindo sobre próximos passos daquele projeto. Lembro do frio que fazia e eu, de tão cansada de ficar sentada no sofá – era o auge da pandemia – me deitei no chão e fechei a câmera, e senti aquele frio do chão despertando algo do meu corpo.
No meio da reunião, no auge de discussões, um pensamento muito claro me questionou: “que eu tô fazendo aqui?”. Essa pergunta, feita pela minha própria mente para minha consciência, vinda de algum lugar muito sábio, me fez refletir qual o motivo de estar ali, naquele trabalho. E não que eu não gostasse daquele trabalho, eu gostava, mas não fazia mais sentido.
É aqueles momentos em que não dá pra desver o que a alma sussura. Foi naquele momento que me dei conta que algo do meu, até então trabalho, deveria mudar. E iniciei o processo de me assumir psicoterapeuta.